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em tintas vivas, brancas virgens retratadas em quadros ainda mais branco que elas.

Depois de um instante de vacilação, o rapaz correu em busca da fugitiva moça. Esta já estava dentro da casa fazendo que repousava. Nem sombra restava de tão encantadora visão. Afigurou-se a Lourenço um momento ter-lhe ido a vida com ela. Fora um enganoso egoísmo que o provocara, que o exacerbara, e que o havia esquecido, fugindo rapidamente quando ele mais desejava tê-la unido ao peito. Levara consigo todas as formas da sedução; todas? Não; uma tinha ficado no alpendre, talvez contra a vontade daquela tentação revestida em contornos ondulantes como os das serpentes: era o galhinho de alecrim que Bernardina trouxera entre os cachos do cabelo.

Lourenço achou-o pouco antes da porta, no chão, e reconhecendo-o, apanhou-o, aspirou-lhe o brando cheiro, e meteu-o entre a camisa e o corpo. Penetrando aí, a sua mão tocou involuntariamente em outro objeto que lhe veio imediatamente à lembrança - o talismã que lhe dera Marianinha, o qual, pendente do rosário, nadava sobre o peito do rapaz. Lourenço estremeceu, sentindo o contato do breve; e seria capaz de afirmar que as paixões que se lhe haviam mitigado repentinamente com esse contato. Toda a idéia que tinha de forçar a frágil porta da palhoça varreu-se-lhe do espírito. Poderoso cordão aquele, Marianinha, aquele que deste a Lourenço! Poderoso porque lhe