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o espião, como se comovera, ou convencera, nenhuma lhe voltou em resposta, e deu logo o andar.

Posteriormente, espalhou-se em Goiana que o rapaz tinha morrido. Pedro de Lima dizia a quem queria ouvir, jactando-se da sua proeza, que havia deixado por morto o filho de Francisco, à beira do Tracunhaém, por ocasião de encontrá-lo, vindo ele, Pedro de Lima, entender-se com o Tunda-Cumbe sobre certa diligência de muita circunstância.

Ocioso seria dizer quanto esta triste nova enlutou as mulheres que por tantos laços, cada qual mais estreito, se achavam ligados ao jovem almocreve. Marcelina, conquanto acostumada a receber más notícias desde que Francisco se ausentara, e que Lourenço dera em fazer freqüentes jornadas para fora; Marcelina que, muitas vezes, quando alguém vinha lhe dizer que seu filho estava preso, que o marido era morto, tinha esta resposta invariável: "Tempo de guerra, mentira como terra", desta vez não pode suster as lágrimas por muitos dias; e quanto mais tempo se passava, mais crescia aos seus olhos a certeza daquela infausta nova, que o testemunho pessoal de Pedro de Lima e os dois companheiros, verificado por pessoas sérias, viera confirmar em termos que não admitiam réplica.

Foi nestas condições que Lourenço ressurgiu inesperadamente, vivo, forte, e até mais bonito de feições. A longa