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pela prisão, pela morte, e pela infâmia. Não posso compelir, porque não tenho esse direito, não posso compelir a sra. D. Damiana a zelar a sua própria honra; a minha nobreza, herdada de meus avoengos, aumentada com a educação que me deram meus pais, impede-me de constranger a ter nobre procedimento qualquer mulher que a não queira ter, ainda que essa mulher seja a viúva de meu irmão. Mas, o direito de desprezar essa mulher, que é a primeira a desprezar-se, este eu o tenho, e ninguém pode impedir-me de me o exercitar. A sra. D. Damiana é livre; pode acompanhar-me, pode ficar. O que, porém, lhe afianço é que Amador Cavalcanti saberá perseverar na altura a que tem direito, e aonde não chegarão jamais nunca os salpicos das lamas levantadas pelos animais dos arreeiros ou pelos próprios pés destes.

Amador não deixou tempo para mais a D. Damiana. Voltando-lhe as costas, chamou imediatamente por um dos flâmulos, e, em voz alta, deu-lhe ordem a fim de ter os animais prestes para a volta, no dia seguinte, muito cedinho.

À noitinha, um vulto veio rompendo do fundo do sítio, e, conhecendo gente demais na casa, esteve para voltar; pouco depois, tirou para a cozinha. Era Lourenço que sem ânimo para deixar Goiana tornava ao Cajueiro. Felícia informou-o de tudo. O rapaz quase perde o uso de suas faculdades mentais.

Passada essa primeira impressão, tomou para a