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partido. Era portanto de esperar que, restituído Jerônimo Paz à liberdade com a chegada do novo governador, não se demorasse a desforra que devia ser atroz, desforra premeditada e jurada pelo feroz procurador do povo desde o momento da sua prisão. [1]

O perigo era eminente. Trataram de prevenir-se os principais nobres.

— Prometi ao bispo curvar a cabeça aos decretos da autoridade que nos mandaram para aniquilar-nos; mas não devo considerar-me ligado por esta promessa, porque para fazer tive o fundamento de supor que o intento do governador era administrar justiça a todos igualmente. O seu último procedimento prova o contrário, e eu não estou mais pela obediência senão pela oposição ao tirano. A devassa continua aberta. O governador, o ouvidor e o juiz de fora, os três paus da forca destinada a acabar com os pernambucanos, não pararam em sua obra destruidora. Jerônimo Paz diz pelas tabernas que nos há de pôr as cordas. À vista disso, deveremos ficar impassíveis? Não. Organizar a guerra à tirania eis o que nos cumpre a fazer.

— Com que gente contais vós, Sr. Cosme Cavalcanti, para organizar e sustentar essa guerra? Onde estão as vossas ordenanças? Estão com os inimigos,

  1. Vid. Matuto, pag. 446