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chegada do governador, tinham, à frente de uma parte da população, batido o pé à outra parte que lhes fazia face, esses desapareciam do dia para a noite, por não serem vítimas. Ficava o povo fraco e desamparado, e em cima dele caía o peso da desforra.

Das dez para as onze horas da manhã foram presos Jorge Cavalcanti em seu sítio da Conceição, e Manoel de Lacerda quando saía da sua propriedade do Tanquinho.

Antes disso já se soubera em Goiânia da prisão do sargento-mor Jorge Camelo de Valcácer, e dos capitães Antônio Rebello e José de Barros Cavalcanti na Paraíba, para onde se haviam retirado, logo que em Goiana, onde, pela sua longa residência, contavam contra si muitos dos principais mercadores, se teve conhecimento das prisões no Recife.

Jerônimo Paes e os filhos, que chegaram com João da Mota, ao saberem que, além de João da Cunha, puderam escapar-se os irmãos Cavalcanti, lastimaram tão importantes perdas. Por sua conta procederam imediatamente as indagações a fim de averiguarem onde paravam os fugitivos. Os segredos, por mais bem guardados, acham sempre reveladores. Tanto indagaram eles que, por boca de um fâmulo, vieram a ter certeza de estarem os Cavalcantis no Açu, onde possuíam fazendas de gado.

Jerônimo Paes, vencido do ódio que votava a Cosme, ofereceu-se a João da Mota para ir, pelo Ceará,