quando muito, é o preço de uma noite de qualquer mulher à-toa, da Nina por exemplo.
Ela tinha-se erguido trêmula; e foi-se a pouco e pouco retraindo até cair de joelhos.
— Foi uma loucura, e eu mereço toda a sua cólera. Mas para que me fazer penar assim, meu Deus! Que prazer lhe podia dar essa mulher?. . . Não me tinha a mim? Uma escrava humilde, pronta para lhe obedecer, e que em paga de tanta submissão só lhe pedia que a não expulsasse!
— E a senhora não chamou um velho desprezível para sua casa?
— É tão diferente! Eu! Não fui atirada contra minha vontade à lama de que desejava erguer-me? Recuando ainda, não fui à noite repelida cruelmente e lançada nos braços desse homem, que no meu desespero eu procurei, por ser mesmo o ente mais vil e ignóbil que eu conheço; pois era preciso que o suplício fosse bastante violento para matar-me logo, e sem lenta agonia! No baile, apesar de tudo, não esperei uma palavra, um sinal para correr a seus pés, e suplicar-lhe como agora o meu perdão!
Lúcia pousou a cabeça sobre os meus joelhos, sufocada pelo pranto; e eu não a ergui logo e não a apertei ao meu seio, porque achei-me tão infame a par dessa mulher, que sentia um vexame insuperável. Por fim levantei-a nos meus braços, e confesso que foi corando de vergonha.
— Quem deve pedir perdão desta como de todas as vezes, Lúcia, sou eu: mas não o mereço, não.
— Basta! Já me falou como outrora! Disse o meu nome! Que mais quero eu saber? Esqueci tudo.
— Deixa-me falar; não me interrompas. Sou um miserável, indigno de ti. Eu só com o meu orgulho