sem acrescentar, como tinha de costume:
— Até amanhã.
Era também a primeira vez que a minha presença parecia contrariá-la. De manhã soube que o seu incômodo se agravara durante a noite. Achei instalada em sua casa, como enfermeira, uma tal Sr.ª Jesuína, mulher de cinqüenta anos, seca e já encarquilhada, com quem embirrei solenemente desde o momento em que a vi. Essa insuportável criatura não deixava um momento a borda do leito; e quando alguma vez eu tomava as mãos de Lúcia, ou reclinava-me para ela, quando meus lábios iam roçar a flor de seu rosto, a Sr.ª Jesuína tinha sempre um remédio a dar, um travesseiro a endireitar, uma recomendação a fazer.
Um dia retirando-me, a velha acompanhou-me até a sala; aí no meio de biocos e gatimanhos, deu-me a entender que o médico proibira terminantemente a Lúcia o menor excesso, que lhe podia ser fatal.
— Mas qual é a moléstia de Lúcia?
— Não me recordo; esses nomes de medicina são tão esquisitos! A moléstia agora não vale nada; amanhã está de pé; e num mês pode ficar inteiramente boa. Somente nada de excesso!
A velha carregou na palavra, piscando os olhos pequeninos.
— Pode custar-lhe a vida' acrescentou.
— Qual é o médico que trata dela?
— Um tal... Não me lembro agora. Mas é bom doutor.
— A que horas costuma vir?
— Não tem hora certa. Quando o senhor chegou, tinha saído.
— Onde mora?