e o mármore do consolo a ponta de uma carta em papel rosa.

Lúcia teve um sobressalto quando entrei. Podia ser um assomo de alegria, por me ver depois de três dias de ausência; podia ser também um movimento de contrariedade. Atribui ao segundo motivo.

— Estavas esperando alguma pessoa?

— Já ninguém me visita.

— Por que razão?

— Os meus antigos amantes se enfastiaram de mim! disse com voz amarga.

— Virão novos! Já eles se anunciam! respondi indicando a camélia. É naturalmente pela pessoa que te mandou esta flor, que esperas.

Lúcia ergueu os olhos surpresos e pareceu ver pela primeira vez o vaso e a camélia.

— É um lindo presente com efeito! disse ela chegando-se ao consolo. E uma flor tão bonita não tem perfume!...

Levantando o vaso, descobriu a carta que eu entrevira, e que ela passou-me sem ter rompido o fecho.

— Leia.

Corri os olhos pela carta; era do Cunha; insistia com Lúcia para aceitar o seu amor, oferecendo-lhe as condições mais brilhantes que poderia desejar uma mulher na sua posição. Enquanto lia, ela se aproximara da janela.

— Ah! que pena! exclamou rindo.

O vaso e a flor acabavam de despedaçar-se nas pedras da calçada. Lúcia tomou-me a carta das mãos e sem ter rasgou-a friamente.

— Não desconfie; desse menos que de qualquer outro. Já foi meu amante; uma noite vi sua mulher, que ele abandonava por minha causa, triste e pensativa.