— Que é isto? Em que estás pensando, Lúcia? disse apertando-lhe as mãos com força.

Volveu para mim os olhos vagos; contemplou-me um instante e riu:

— Uma loucura!... Não sei como me veio semelhante idéia! Vendo esta água tão clara toldar-se de repente, pareceu-me que via minha alma; e acreditei que ela sofria, como eu quando os sentidos perturbam a doce serenidade de minha vida.

Depois de uma pausa continuou:

— Naquele dia. . . não soube explicar-lhe. . . É isto! Veja! A lama deste tanque é meu corpo: enquanto a deixam no fundo e em repouso, a água está pura e límpida!

Acredite ou não, Lúcia acabava de me revelar naquela imagem simples um fenômeno psicológico que eu nunca teria suspeitado.