— Tu a conheces bem, Sá?

— Ora! Intimamente!

— Tens toda a certeza de que ela seja o que me disseste na Glória ?

— E esta! Pois duvidas?. . . Vá à casa dela; já te apre­sentei.

— Supunha que fosse apenas uma dessas mocas fáceis, a quem contudo é preciso fazer a corte por algum tempo.

— O tempo de abrir a carteira. Andas no mundo da lua, Paulo. Queres saber como se faz a corte à Lúcia?... Dando-lhe uma pulseira de brilhante, ou abrindo-lhe um crédito no Wallerstein.

— Não é sem razão que te pergunto isto; encontrei-a ha dias, e a sua conversa, os seus modos, pareceram-me tão sérios!

— Por que lhe falaste nesse tom? Naturalmente a trataste por senhora como da primeira vez; e lhe fizeste duas ou três barretadas. Essas borboletas são como as outras, Paulo; quando lhes dão asas, voam, e é bem difícil então apanhá-las. O verdadeiro, acredita-me, é deixá-las arrastarem-se pelo chão no estado de larvas. A Lúcia é a mais alegre companheira que pode haver para uma noite, ou mesmo alguns dias de extravagância.

Acabamos de jantar e não tocamos mais no assunto.

— Tens que fazer sábado depois do teatro? perguntou-me Sá com um sorriso maligno.

— Nada, senão dormir.

— Pois vá cear comigo. Dormirás durante o dia. Asseguro-te que não perderás o teu tempo.

— Até sábado, então.

Esta conversa desgostou-me; porque me fez parecer ainda mais ridículo aos meus olhos.