deixava a cada um plena liberdade: era ao mesmo tempo a solidão e a convivência.
Ao anunciar da ceia, Lúcia tomou-me o braço que ia oferecer-lhe. Sentamo-nos a um dos lados da mesa em face de Sá. O Sr. Couto, como de rigor, impava de gula e fatuidade, defronte da sonolência do Rochinha e à ilharga de uma linda espanholita, que o olhava à sorrelfa com um momo de petulante zombaria.
Depois da sopa, Sá ergueu o copo cheio de velho madeira E saudou os seus hóspedes:
— Estão feitos os cumprimentos, meus senhores: gozemos. t: meia-noite, disse mostrando a pêndula de alabastro. Até uma hora come-se. Caso alguém reclame, prorroga-se o tempo.
— A não ser o Sr. Couto! murmurou a companheira deste.
— Aprovado sem discussão, retrucou o velho. Com os diabos, Nina! Comer é uma das boas coisas deste mundo; porém não é a melhor.
— Demais, a mesa ai fica; e ninguém erra a boca mesmo no escuro! acudiu Laura rindo.
Creio que o Sr. Couto corou; em todo o caso remexeu-se, como se estivesse sobre alfinetes.
— Ora! Isso sucedeu uma vez; e foi para te meter febre.
— Não se trata dos sessenta anos do Sr. Couto...
— Quarenta e cinco, minha jóia! E por fazer!...
— Passemos à ordem do dia! exclamava uma francesa já abrasileirada, que tinha privado com um orador da câmara.
— Bem! continuou Sá: a hora seguinte bebe-se. É bastante?
— É demais! Em menos tempo dou conta de uma cesta de champanha ! gritou Nina.
— Não admira!