ELISA -- Mas o que disse aquele homem é uma mentira, não é?
GOMES - Tu duvidaste um momento da probidade de teu pai?
ELISA - Oh! Não, não!
GOMES - Se eu quisesse, já não digo roubar, mas transigir com a minha consciência, os que agora nos desprezam, aí estariam ainda nos importunando com a sua amizade fingida e hipócrita.
ELISA - Não se defenda, meu pai. Eu creio na sua honra, como creio em Deus. Se lho perguntei é porque desejava ouvir de sua boca o desmentido de semelhante calúnia. (Pausa.)
GOMES - Elisa, minha filha!.. Este último golpe é mais forte que minha razão. Muitas vezes já a minha coragem vacilou encarando a miséria: um projeto louco me passou pelo espírito, e esteve bem prestes a realizar-se. Resisti, lembrando-me de ti. À vergonha, à infâmia, minha filha, não posso... não sei resistir!
ELISA - Não pense nisto, meu pai.
GOMES - Quando não se pode viver honrado, morre-se.
ELISA - Quer-se matar!
GOMES - Isto é vida?