Soltou um ah! de gelo, e como a olhasse o velho,
Pedindo-lhe talvez no transe algum conselho,
Disse com abandono,
De indiferença cheia,
Que podia ir velar do filho o extremo sono;
Mas que fosse primeiro à mesa pôr a ceia.
Esse contraste de efeitos entre a realidade e a ficção poética explica a idéia do Sr. Afonso Celso Júnior. Notei a diferença entre ele e o Sr. Crespo; notarei agora que o poeta das Miniaturas de algum modo influiu no dos Devaneios. Digo expressamente no dos Devaneios, porque neste livro, e não no outro, é que o olhar exercitado do leitor poderá descobrir algum vestígio, — um quadro como o do soneto "Na Fazenda", — ou a eleição de certas formas e disposições métricas; mas para conhecer que a influência de um não diminuiu a originalidade de outro, basta ler duas composições de título quase idêntico, — duas histórias, — a de uma mulher que ria sempre, e a de outra que não ria nunca. Aquela gerou talvez esta, mas a filiação, se a há, não passa de um contraste no título; no resto os dois poetas separam-se inteiramente. Não obstante, os Devaneios não têm o mesmo valor das Telas Sonantes; eram uma promessa, não precisamente um livro.
Neste é que está a feição dominante do Sr. Afonso