também por vezes comoção sincera, como nestes lindos versos de "Ao Pé do Berço":


Deus perfuma-te a face com um beijo,
E em sonhos te aparece,
Quando, ao calor de uma asa que não veio
O coração te aquece.

Às vezes, quando dormes, eu me inclino
Sobre teu berço, e busco do destino
Ler a página em flor que nele existe;
De tua fronte santa e curiosa
Docemente aproximo, temerosa,
A minha fronte pensativa e triste.

Como um raio de luz do paraíso,
Teu lábio esmalta virginal sorriso...
Ao ver-te assim, extático me alegro
Bebo em teu seio o hálito das fores,
Oásis no deserto dos amores,
Página branca do meu livro negro.

A paternidade inspirou tais estrofes. O amor inspira-lhe outras; outras são puras obras de imaginação inquieta, e desejosa de fugir à realidade. Talvez esse desejo se mostre por demais imperioso; a realidade é boa, o realismo é que não presta para nada. Que o Sr. Francisco de Castro pode e deve fecundar a sua inspiração, alargando-lhe os horizontes, coisa é para mim evidente. "Tiradentes", "Spartaco", são páginas em que o poeta revela possuir a nota pujante e saber empregá-la. Nem todos os versos