a dar-me o bote. Encarei-a, tirei cautelosamente a pistola e atirei sobre ela. O tiro não lhe fez mal. Protegido pelo fumo da pólvora, acastelei-me atrás de um tronco de árvore. A onça foi-me no encalço, e durante algum tempo andamos, eu e ela, a dançar à roda do tronco. Repentinamente levantou as patas e tentou esmagar-me abraçando a árvore; mais rápido que o raio, agarrei-lhe as mãos e apertei-a contra o tronco. Procurando escapar-me, a fera quis morder-me em uma das mãos; com a mesma rapidez tirei a faca de caça e cravei-lha no pescoço; agarrei-lhe de novo a pata e continuei a apertá-la até que os meus companheiros, orientados pelo tiro, chegaram ao lugar do combate.

CARLOTA - E mataram?...

VALENTIM - Não foi preciso. Quando larguei as mãos da fera, um cadáver pesado e tépido caiu no chão.

CARLOTA - Ora, mas isto é a história de um quadro da Academia!

VALENTIM - Só há um exemplar de cada feito heróico?

CARLOTA - Pois, deveras, matou uma onça?

VALENTIM - Conservo-lhe a pele como uma relíquia preciosa.