— Quem não trabuca não manduca.

— É mesmo. Bom, té-loguinho.

E passou. Legua e meia adiante topou com um micura e lembrou de trabucar também um bocado. Pegou no gambazinho, fez êle engolir dez pratas de dois milreis e voltou com o bicho debaixo do braço. Chegando perto de Macunaíma mascateou:

— Bom-dia, conhecido. Como vai, muito obrigado, bem. Si você quer te vendo meu micura.

— Quê que vou fazer com um bicho tão pichento! Macunaíma secundou botando a mão no nariz.

— Tem aca mas é coisa muito boa! Quando faz necessidade só prata que sai! Vendo barato pra você!

— Deixe de conversa, turco! Onde que se viu micura assim!

Então o tequeteque apertou a barriga do gambá e o bicho desistiu as dez pratinhas.

— Está vendo! Faz necessidade é prata só! Ajuntando a gente fica riquissimo! Barato pra você!

— Quanto que custa?

— Quatrocentos contos.

— Não posso comprar, só tenho trinta.

— Pois então pra ficar freguês deixo por trinta contos pra você!

Macunaíma desabotoou as calças e por debaixo da camisa tirou o cinto que carregava dinheiro. Porêm só tinha a letra de quarenta contos e seis