— Pois não!

Piaimã possuia orelhas furadas por causa dos brincos. Enfiou uma perna do rapaz na orelha direita, a outra na esquerda e foi carregando o moço nas costas. Atravessaram o parque e entraram na casa. Bem no meio do hol de acapú mobiliado com sofás de cipó-titica feitos por um judeu alemão de Manaus, se via um buraco enorme tendo por cima um cipó de japecanga feito balanço. Piaimã sentou o moço no cipó e perguntou pra êle si queria balançar um bocado. O moço fez que sim. Piaimã balançou balançou, de repente deu um arranco. Japecanga tem espinho... Os espinhos entraram na carne do chofêr e principiou escorrendo sangue no buraco.

— Chega! já estou satisfeito! que o chofêr gritava.

— Balança que vos digo! secundava Piaimã.

Sangue escorrendo. A caapora companheira do gigante estava lá embaixo do buraco e o sangue pingava numa tachada de macarrão que ela preparava pro companheiro. O rapaz gemia no balanço:

— Ah, si eu possuisse meu pai e minha mãi a meu lado não estava padecendo nas mãos dêste malvado!...

Então Piaimã deu um arranco muito forte no cipó e o rapaz caiu no molho da macarronada.

Venceslau Pietro Pietra foi buscar Macunaí-