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Em novembro de 1755 foi o engenheiro Carlos Mardel encarregado pelo Cardeal Patriarcha de Lisboa de ver o estado em que estava a Igreja de S. Bendo depois do terremoto, sobre o que elle informou que «achou toda a igreja em muito bom estado, sem ter recebido damno algum e em excelente estado de servir; porem a sacristia he a peyor e incapaz de servir, e em lugar della achei hum grande refeitorio e casa de de profundis diante do Refeitorio, ambas escusadas para os Padres do dito Mosteiro, as quaes são misticas ao lado da Epistola da Capella mór; e abrindo-se porta para a Igreja no mesmo lado, temos tudo o que for mister para accommodar a Patriarchal, e ainda com mais abundancia do que aonde estava antes». — Em vista disso passaram para aquella igreja os officios da Patriarchal.

Succedeu porem que sendo a informação de Carlos Mardel de 17 de novembro, no dia 19 desse mesmo mez ia o capitão engenheiro Eugenio dos Santos e Carvalho informar o Patriarcha de que embora concordasse com o parecer do seu collega quanto á segurança do corpo e cruzeiro da referida Igreja, «se lhe fazia suspeitosa uma parede da Capella que, sendo ordinaria, se pode reparar com modica despeza». — Foi este parecer seguido; e fez-se a obra completa sob a direcção do então tenente coronel Carlos Mardel e do capitão Eugenio dos Santos[1].

Entre as curiosidades apresentadas na Exposição de Cartographia da Sociedade de Geographia, em 1903, figurava uma Planta topographica da cidade de Lisboa arruinada, e tambem segundo o novo alinhamento dos architectos Eugenio dos Santos e Carvalho e Carlos Mardel, feito por João Pe-

  1. Providencias sobre o terremoto de Lisboa, p. 200 e anteriores.