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chitecto quem projeitou e deo o plano das obras dos arcos das aguas livres; mas se não foi elle, foi pelo menos o que as continuou. Eugenio dos Santos que deo a planta da reedificação da cidade construio humas grandes casas de cimo da calçada da Estrella, com muito má serventia para carroagens, e sem outra luz na escada que a que entra pelas sobrepostas. Carlos Mardel edificou para a sua habitação aquella casa que se acha ao lado oriental da Igreja de St.a Isabel junto ao cemiterio, e por baixo da torre dos sinos. Manoel Caetano edificou as de que já fallei. Á vista do que todos convirão comigo que o que tinha melhor tino era João Pedro Ludovici.»

João Frederico Ludovice, o notavel architecto do convento de Mafra, era desde 11 de setembro de 1750 architecto-mór do reino com patente, soldo e graduação de brigadeiro de infantaria, na primeira plana da Côrte; nascera na Allemanha, de familia francesa, e naquelle país exercia a profissão de engenheiro militar, tendo porem vindo para Portugal chamado pelos jesuitas pela sua especial pericia de ourives, metallista; mas os seus variados talentos postos em acção entre nós lhe deram o justo galardão de se reconhecer que «á sua doutrina se devem o grande adiantamento em que se achavam as artes em Portugal[1]».

E não só em Lisboa, mas em outros pontos do país eram requeridos os serviços dos nosso engenheiros militares, quer na sua especialidade, quer noutros ramos do serviço. Assim, tendo o terremoto arrasado a villa de Setubal, foi João Alexandre de Chermont, coronel de infantaria com exercicio de engenheiro, mandado em 14 de novembro

  1. Decreto de 11 de setembro de 1750, que nomeou Ludovice architecto-mor do reino