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De sombras e visões!
 Ó mysterioso
Caminheiro que vieste á minha terra,
Tua propria loucura me seduz!
Essa altitude animica e nevoenta,
Que toca nas estrelas, onde a Luz,
Para voar, voar! se veste de azas...


«Comprehende-te, já vês, o meu instinto.
Esta noite em que vivo se alevanta
Á altura d'essa luz em que tu vives,
E em que a minh'alma timida se espanta!
Ha nas tuas palavras um abysmo;
Ouvindo-as, logo sinto uma vertigem!
E em sobresalto chora e esconde a face
O que em mim é vedado, occulto e virgem.
A parte mysteriosa do meu sêr
Ama a sombra espectral do teu delírio!
E até me custa, sim, comprehender
Esta força amorosa que me leva
Para a tua loucura...
 Ah! tu não sabes
Se eu existo, se vivo; e confundiste
A carne palpitante que me veste
Os ossos de desejo, com a triste
Irrealidade pálida das sombras!
Já não me avisto a mim! Não sei quem sou!
Como vento de fogo, a tua Duvida
Minha forma corpórea evaporou!...
E já me desconheço! Eis o motivo
Porque te amo ainda mais...

 E quem sou eu?