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A ruina moral e material acentuava-se. A mulher teria de assistir impassivel ao derruir de todas as probabilidades de paz, de equilibrio moral e economico.

¡E sentir que se submergem todas as garantias sem poder salvá-las! ¡E definhar-se a saude na preocupação fixa e caustica do desastre inevitave!l ¡E observar a cegueira que se deixa explorar para não ceder e que será ruina sem poder valer-se-lhe! ¡E ter a previsão de um futuro de sombras, e nada, nada poder conseguir para evitá-las!

¿Ha lá nada mais desumano, mais revoltante do que essa lei juridica que permite ao homem mau administrador, independente, caprichoso—submergir, evaporar os meios de fortuna que são de ambos desde que se uniram, despresando conselhos, advertencias, solicitações e direitos da mulher quando a consumação dos factos prova a sua razão e quando o irremediavel é uma tremenda lição?

¿Com que direito se apossa um sêr da vida de outro sêr, para mutilar os seus direitos, deteriorar as seivas vitais da personalidade e todas as promessas de bens materiais que o destino auspiciára?

¿E ha-de submeter-se, e ha-de calar-