de ámanhã
Um dia, em Madrid, o célebre escritor francês Gaston Rautier, exilado por haver publicado um belo livro de Paz humanitária defendendo a aliança da França com a Alemanha, disse-me palavras as mais elogiosas para este combate inglório e glorioso que me consome a existência. Mas lamentou-me também, sendo de opinião que o sexo por causa do qual máis me exponho no combate, deveria ser aquele em que mais rivalidades, mais inveja, incompreensão e mesquinhas perseguições devia encontrar. Não se enganou.
E eu respondi-lhe serenamente: «Realmente assim é; mas se não sou entendida pelas mulheres de hoje, sê-lo-hei pelas de amanhã. Então, o meu espírito sobrevivente que cá ficará palpitando nas páginas dos veementes debates, terá o seu quinhão de compensações, e conversará com uma nova geração de verdadeiras mulheres, conscientes, discretas e amantes da sua dignificação, como aquelas célebres romanas que se engrandeceram e solidificaram os seus direitos nos códigos da família e da sociedade, conseguindo a emancipação reparadora dos seus destinos.»