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As palavras são o Verbo. O Verbo é a irradiação da Luz interior, é a essência subtil do incorpóreo. E é essa Luz e essa essência que surpreende no todo espiritual de V. Ex.a, quem detalhadamente lhe analisar a alma.

Provou V. Ex.a que é bondosa em actos evangélicos da sua vida. Com o magnetismo da sua bondade curou chagas de corpo e alma, medicando e consolando. Adejando á beira das agonias de enfermos e moribundos[1], como aparição de graça espiritual, palpitando em caricioso afago de piedade, semeou confortos e cultivou glórias em desvelos de altruismo,

Foi afável com os serviçais e tolerante para com os seus defeitos. Afagou crianças e amparou velhinhos. Levou para o seu lar um infinito de sonhos com azas irisadas nos poéticos e suavissimos matizes da ternura, na caricia dos ideais anceios.

Fremente de amor, sonhara amar muito para muito ser amada. Que gorgear festivo de arroubos sentimentaes a idealisar alegrias sem fim, no ninho brando das suas nupcias, que seriam o róseo prelúdio da harmonia conjugal?

Mas por sobre o palpitar translúcido desses sonhos vaporisados de poesia e sentimento, pairava uma atmosféra de egoismos sociais que reveste de securas exteriores as almas superficialmente agrestes que o destino liga ás almas sensitivas. O sôpro letal estiolou o viço dêsses sonhos. E sobre as cinzas dêsses sonhos, derramou-se u orvalho dorido das lágrimas. Formaram rosários de dôres, essas lágrimas. A alma converteu-se em esponja de fel. E êsse fel transformou-se lentamente em veneno de indignação e revolta.

Aprazia-se a alnia ardente em semear consolos. Amá-

 

^1  Página 7 do livro Doida Não!