A psicologia de uma paixão
 

 

Os peritos chamados a classificar a suposta demencia passional de D. Maria Adelaide da Cunha, manifestaram por esta forma a sua opinião: «Degenerescencia hereditaria com manifestações dominantes no campo da afectividade e do instinto».

Esta definição relativa á paixão dominante no campo do instinto, tem pouco mais ou menos um sentido que se traduz nesta grosseira conclusão: uma mulher que desce á condição de amar um serviçal, sem escrupulos de posição nem de moral, simplesmente porque o seu instinto sexual se deixou levar pelo capricho de ter um amante no homem que lhe impressionara o instinto material, isto é as exigencias lubricas.

Ora a Snr.a D. Maria Adelaide da Cunha é uma organisação superior.

Não está demente, positivamente, e em demasia se vem demonstrando, quer pela forma clara e coordenada como se exprime no seu livro, quer pelas contraprovas que se acumulam na deteza da sua suposta loucura. É uma «loucura lucida», dizem os magnos peritos. Pois seja. Mas não sofrerão êsses peritos de certos sintomas equivalentes a essa doença ao consumarem essa definição?

A quantas pessoas, em meio de discussões politicas, ou de hostilidades de que sempre se cercam todos os homens publicos em evidencia, dotados de talento — que teem sempre o seu bocadinho de desequilibrio — eu tenho ouvido dizer de qualquer psiquiatra: «Está doido, porque quem lida com