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horas de folga

tuna da irmã, obrigando-a a casar contra sua própria vontade por combinação prévia com o noivo.

Claro que bastou provar-se essa falta para êle não poder pertencer a tão luzido corpo.

Despeitado, jurou vingar-se, e uma noite em que D. Jeremias, que fôra o Cavaleiro do Bem que lhe fizera o inquérito, descansava no jardim do seu palácio, gozando as delícias dum esplendido luar, êle, seguido por uns vinte homens que entre os Cavaleiros do Mal lhe mereciam mais confiança, penetrou no jardim e colhendo-o de surpreza, matou-o barbaramente. E como uma das cousas que mais o fazia sofrer na sua vaidade, era não poder ostentar as galas do posto com que se honrára, escreveu a tinta vermelha num papel que pregou no peito da vitima:


«Vingança das Aguias negras.
O chefe dos Cavaleiros do Mal


No dia seguinte não se falava noutra cousa na cidade.

O govêrno dera as mais severas ordens contra o criminoso, pondo-lhe a cabeça a prémio.

O rei, furioso com a morte dum dos seus mais queridos amigos, não recebia ninguêm.

A princesa Clotilde Maria chorava.

Em pé, defronte dela, D. Julião, com ar consternado, tentava consola-la:

– A culpa não é de Vossa Alteza, minha senhora.