apanhar conchinhas, estava um navio que respirava e tinha uma cabeça muito grande.
- Vamos lá vêr isso, disse o pai, atirando o bocado de madeira para cima da mesa, fechando a navalha e metendo-a no bolso.
- Não posso, meu pai, tenho mêdo e estou sem fôrças para dar um passo.
- Eu levo-te ao colo.
-Tambêm vou, disse a mãe, arrumando a meia.
E puseram-se os três a caminho, não sem que o pai de Rosa tivesse passado uma espingarda a tiracolo. Rosa, agarrada ao pescoço do pai, ia dizendo.
- Por aqui. E' mais longe, muito mais longe.
- Devia ralhar-te por te teres afastado assim de casa; mas o susto que apanhaste ha de sêr-te proveitoso; por isso não digo nada.
- Que cara! disse a mãe compadecida: pareces feita de céra.
- E' que sempre tive um mêdo! Um navio que respira e tem cabeça! E eu estava tão contente! Tinha apanhado conchinhas tão bonitas!
- ¿E que lhes fizéste?
- Deixei-as caír no chão, assim como o cestinho.
Intrigados e curiosos, os pais iam andando e aventando hipóteses várias.
O bom Tomé não podia ir tão depressa como desejava porque a filha já pesava bastante. Tinha porêm nos lábios um sorriso que nem Rosa nem a mãe