O SONHO DE NINI




Nini dormia no seu leitozinho de pau rosa. Um sorriso alegre brincava-lhe nos labios, rubros como a flôr de romã, e a sua mãozita pequena agitava-se no ar num gesto de gracioso adeus.

Vamos explicar êste gesto e aquele gentil sorriso, tão aberto que parecia quasi riso franco.

Ela ia andando por um pinhal muito cerrado, numa noite invernosa. O vento, agitando o cimo dos pinheiros, fazia vergar os troncos gemendo, e a caruma, desprendida das árvores esguias, redemoinhava no ar.

Quanto mais se internava no pinhal, mais o frio era intenso e mais forte a tormenta. O seu corpo, fraco e pequenino, cingia-se aos troncos dos pinheiros, que ia abraçando para resistir á fúria do vento que cada vez assobiava com mais fôrça.

Um nevoeiro, ténue primeiro e depois denso, tornou-lhe o caminho impraticavel. Então sentou-se no chão e desatou a chorar junto duma cruz de madeira