O RAIO
João chorava, trémulo, agarrado á saia da mãe, escondendo o rosto no avental de riscado para não vêr o fuzilar dos relâmpagos.
A mãe afagava-lhe os caracóis loiros, procurando consolá-lo.
Nisto, entrou seu primo Luís, mais velho cinco anos do que êle, e, depois de beijar a tia, perguntou-lhe:
— ¿Porque choras?
— Tenho mêdo da trovoada.
— Tambem eu; mas isso não é razão. Pareces um maricas.
Esta expressão de maricas pareceu ofensiva a João, que corou até ás orelhas, limpou os olhos e, fazendo um esfôrço sôbre si próprio, chegou perto da