Para lêr nas férias
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Então a pequena Mariana discorria assim:

―O meu paizinho é que é mais meu amigo: não ralha nunca, e acha-me graça. Mas a mãe!... Passa horas e horas sem dizer nada e ralha-me por qualquer coisa...

Como a maioria das pessoas, Mariana, em vez de reparar que eram os seus actos que mereciam censura, achava que a mãe é que era injustamente severa.

D. Amália ― era o nome da mãe de Mariana ― percebeu os pensamentos que se agitavam no espírito da filha e, chamando-a brandamente para junto de si, disse-lhe com meiguice e tristeza.

― Não julgues que eu sou menos tua amiga do que o pai, Mariana; o repreender-te é uma prova do muito afecto que te tenho. Tu és muito pequenina, não percebes isto por ora; mas, mais tarde, has de agradecer-me.

E Marianinha, de olhos baixos, envergonhada por ter sido adivinhada, retorcia entre os dedos a ponta do bibe, dizendo de si para si, como uma menina malcriada e ignorante:

― Espera por isso! Hei de mesmo agradecer aquilo de que não gosto!... Só se eu fôsse tola!

No dia seguinte, vieram as primas de Mariana busca-la para irem dar um passeio. O pai, antes de sairem, deu-lhe cinco tostões para comprar bolos para ela e para as primas. A mãe acompanhou-as á escada e recomendou :

― Não comprem tremoços