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Para lêr nas férias

E, voltando-se para D. Amália, que entrava com a colher pedida, o doutor informou :

― Havendo cuidado, não é caso de gravidade: um pouco de sol, complicado com um incómodo gástrico...

― Mas ela não comeu nada que...

― Bem sei, bem sei, apressou-se a concordar o doutor; mas hoje não come nada e amanhã toma um purgante e não sái do quarto. Eu venho quando forem tres horas.

E despediu-se ternamente de Mariana.

A doente passou uma noite agitadíssima, cheia de pesadêlos, parecendo-lhe que a todo o momento estalava a corda do balouço e caía por terra, ou, dentro do carro, ia esbarrar de encontro á árvore. O suor colava-lhe o cabelo ás fontes, atirava fóra a roupa cama, e pedia constantemente:

― ¡Água, mais água!

A mãe levou toda a noite a pé, chorando e maldizendo o momento em que deixara a filha saír com as primas.

De manhã, Marianinha tomou o purgante que o médico receitara, e no dia seguinte, já melhor, teve licença para se assentar na cama e brincar com as bonecas.

Ernestina foi vê-la com sua mãe.

Quando D. Amália e sua irmã saíram do quarto, deixando-as a jogar o assalto, Ernestina disse baixo a Mariana: