A DESOBEDIENTE
 

 

Mariana tinha oito anos e já sabia lêr muito bem. Era, além de inteligente, estudiosa, e punha o maior cuidado e atenção em aprender quanto lhe ensinavam. Mas tinha um grande defeito: queria governar-se pela sua cabeça. E, segundo afirmava nos seus momentos de franqueza, obedecer era a cousa mais desagradável que conhecia.

O pai, que era muito amigo dela, procurava convéncê-la da necessidade que todos temos, pequenos e grandes, de obedecer aos nossos superiores. Ela sorria incrédula e, imitando um palhaço que vira no Coliseu dos Recreios, gritava num tom muito desafinado:

― Viva a independência!

O pai não podia resistir ao riso e acabava o sermão; mas a mãe contraía as sobrancelhas em sinal de desagrado e dizia para o marido: