deixei-me estar, a remoer os meus zelos, a desejar estrangular o marido, se o tivesse alli á mão... Justamente, nesse instante, entrou na chacara o Lobo Neves. Não tremas assim, leitora pallida; descança, que não hei de rubricar esta lauda com um pingo de sangue. Logo que o Lobo Neves entrou na chacara, fiz-lhe um gesto amigo, acompanhado de uma palavra graciosa; Virgilia retirou-se apressadamente da sala, e elle entrou dahi a tres minutos.

— Está cá ha muito tempo? disse-me elle.

— Não.

Entrára serio, pesado, derramando os olhos de um modo distrahido, costume seu, que trocou logo por uma verdadeira expansão de jovialidade, quando viu, chegar o filho, o nhonhô, o futuro bacharel do cap. VIII; tomou-o nos braços, levantou-o ao ar, beijou-o muitas vezes. Eu, que tinha odio ao menino, afastei-me de ambos. Virgilia tornou á sala.

— Ah! respirou o Lobo Neves, sentando-se preguiçosamente no sophá.

— Cançado? perguntei eu.

— Muito; aturei duas massadas de primeira ordem, uma na camara e outra na rua. E ainda temos terceira, accrescentou, olhando para a mulher..

— Que é? perguntou Virgilia.

— Um... Adivinha!

Virgilia sentara-se ao lado delle, pegou-lhe n’uma das mãos, compoz-lhe a gravata, e tornou a perguntar o que era.

— Nada menos que um camarote.