da mulher elegante; eu levei para lá alguns livros; e tudo ficou sob a guarda de D. Placida, supposta, e, a certos respeitos, verdadeira dona da casa.
Custou-lhe muito a aceitar a casa; farejára a intenção, e doia-lhe o officio; mas afinal cedeu. Creio que chorava, a principio: tinha nojo de si mesma. Ao menos, é certo que não levantou os olhos para mim durante os primeiros dous mezes; falava-me com elles baixos, séria, carrancuda, ás vezes triste. Eu queria angarial-a, e não me dava por offendido, tratava-a com carinho e respeito; forcejava por obter-lhe a benevolencia, depois a confiança. Quando obtive a confiança, imaginei uma historia pathetica dos meus amores com Virgilia, um caso anterior ao casamento, a resistencia do pae, a dureza do marido, e não sei que outros toques de novella. D. Placida não rejeitou uma só pagina da novella; aceitou-as todas. Era uma necessidade da consciencia. Ao cabo de seis mezes quem nos visse a todos tres juntos diria que D. Placida era minha sogra.
Não fui ingrato; fiz-lhe um peculio de cinco contos, — os cinco contos achados em Botafogo, — como um pão para a velhice. D. Placida agradeceu-me com lagrimas nos olhos; e nunca mais deixou de rezar por mim, todas as noites, deante de uma imagem da Virgem, que tinha no quarto. Foi assim que lhe acabou o nojo.