CAPITULO CXXXIII

 
O principio de Helvetius
 

Estavamos ao ponto era que o official de marinha me arrancou a confissão dos amores de Virgilia; e aqui emendo eu o principio de Helvetius, — ou, por outra, explico-o. O meu interesse era calar; confirmar a suspeita de uma cousa antiga fôra provocar algum odio supitado, dar origem a um escandalo, quando menos adquirir a reputação de indiscreto. Era esse o interesse; e entendendo-se o principio de Helvetius de um modo superficial, isso é o que devia ter feito. Mas eu já dei o motivo da indiscrição masculina: antes daquelle interesse de segurança, havia outro, o do desvanecimento, que é mais intimo, mais immediato: o primeiro era reflexivo, suppunha um syllogismo anterior; o segundo era espontaneo, instintivo, vinha das entranhas do sugeito; finalmente, o primeiro tinha o effeito remoto, o segundo proximo. Conclusão: o principio de Helvetius é verdadeiro no meu caso; — a diferença é que não era o interesse apparente, mas o recondito.