não; pedi que os reunisse e mos desse antes do desembarque.
— Pobre Leocádia! murmurou sem responder ao pedido. Um cadáver... o mar... o céu... o navio...
No dia seguinte veio ler-me um epicédio composto de fresco, em que estavam memoradas as circunstâncias da morte e da sepultura da mulher; leu-mo com a voz comovida deveras, e a mão trêmula; no fim perguntou-me se os versos eram dignos do tesouro que perdera.
— São, disse eu.
— Não haverá estro, ponderou ele, no fim de um instante, mas ninguém me negará sentimento, se não é que o próprio sentimento prejudicou a perfeição...
— Não me parece; acho os versos perfeitos.
— Sim, eu creio que... Versos de marujo.
— De marujo poeta.
Ele levantou os ombros, olhou para o papel, e tornou a recitar a composição, mas já então sem tremuras, acentuando as intenções literárias, dando relevo às imagens e melodia aos versos. No fim, confessou-me que era a sua obra mais acabada; eu disse-lhe que sim; ele apertou-me muito a mão e predisse-me um grande futuro.