Havia n’esses homens uma especie de selvajaria politica que é digna de ser conhecida.
Fallemos primeiramente do general Lopes. Uma unica anedocta, dará não sómente idéa d’este chefe, mas fará conhecidos os homens com quem elle tinha a tratar.
Lopes era governador da Santa Fé, e tinha em Entre Rios um inimigo pessoal, o coronel Ovando, que em seguida a uma revolta foi conduzido prisioneiro ao general Lopes.
O general almoçava. Recebeu perfeitamente Ovando e convidou-o a almoçar. A conversação travou-se entre elles como entre dois convivas, aos quaes uma egualdade de condições tivesse ordenado a mais perfeita cortezia.
Comtudo no meio da conversação, Lopes exclamou:
— Coronel, se eu tivesse cahido nas suas mãos, como cahiu nas minhas e isto no momento em que almoçasse, que faria?
— Convidal-o-ia para almoçar, como v. ex.a acaba de fazer.
— E depois?
— Mandava-o fuzillar.
— Estimo muito que pense do mesmo modo que eu. Acabando de almoçar será fuzillado.
— Se não se quer demorar muito, póde ser já.
— Não, não, acabe de comer descançado, não tenho muita pressa.
E continuaram a almoçar com todo o descanço, e tendo concluido:
— Julgo ser tempo, disse Ovando.
— Agradeço-lhe o não haver esperado que eu o lembrasse, respondeu Lopes.
Depois chamando o seu camarada.
— O piquete está prompto? perguntou elle.
— Sim, meu general, respondeu o soldado.
Então voltando-se para Ovando:
— Adeus, coronel, disse Lopes.
— Adeus, não; mas sim até á vista, porque não