36
BOOKER T. WASHINGTON

Nada tendo que fazer, passeei nas ruas, observei numerosas exposições de comidas onde havia frangos assados e tortas de maçãs em fórma de meia-lua, coisas que me enchiam a boca d´agua. A tentação era tão grande que eu trocaria os sonhos do futuro por uma coxa de frango ou uma torta. Nem frango nem torta, absolutamente nada para comer.

Caminhei até depois de meia-noite. Por fim não pude mais avançar. Estava morto de fome e cançaço, mas a coragem não me abandonava. Detive-me num canto de rua, junto a uma calçada muito alta, convenci-me de que ninguem me via e arreei, estirei-me no chão, o sacco de roupa servindo-me de travesseiro. Durante a noite ouvi sempre rumor de passos por cima da minha cabeça.

Levantei-me no dia seguinte um pouco melhor, mas a fome era horrivel. Quando a manhã clareou e distingui as coisas em redor, notei que me achava perto dum grande navio donde se descarregava ferro fundido. Apresentei-me ao capitão, pedi-lhe que me deixasse trabalhar na descarga para obter almoço. O capitão, um branco, tinha bom coração e acceitou-me. Trabalhei muitas horas — e a refeição que tomei depois foi a melhor da minha vida. Ficaram satisfeitos commigo e convidaram-me para continuar na descarga com salario pequeno. Fi-