MEMORIAS DE UM NEGRO
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Não tinha um tostão no bolso quando terminei os exames. Com diversos estudantes que estavam em situação precaria, sahi em busca de emprego. Colloquei-me como garçon num hotel de verão, no Connecticut. Em pouco tempo notei que não possuia grande habilidade na arte de servir, embora o dono do hotel teimasse em ver em mim um garçon verdadeiro. Logo me confiou a mesa onde comiam quatro ou cinco freguezes ricos. A minha ignorancia era tão grande que esses homens não me aguentaram: reprehenderam-me com dureza, e eu fugi apavorado, abandonei-os diante da mesa vazia. Depois desse procedimento fui retrogradado para a situação de bicho de cozinha. Desejava entretanto ageitar-me no serviço. E tanto fiz que, no fim de algumas semanas, puderam reintegrar-me nas minhas funcções.

Tempo depois, quando entrei a viajar, muitas vezes me hospedei nesse hotel onde fui garçon.

No fim da estação voltei para Malden, e nomearam-me director da escola de negros. Fui quasi feliz. Estava certo de que ia ser util aos homens da minha cidade, mostrando-lhes um ideal de vida. E ao mesmo tempo ensinaria aos moços que não é sómente nos livros que se obtem instrucção.

O meu trabalho começava ás oito horas da manhã e em geral não findava antes das dez da noite. Alem da educação regulamentar que se ministra em