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BOOKER T. WASHINGTON

rios brancos dos arredores viam com maus olhos o nosso projecto: duvidavam que elle fosse util aos negros e temiam sobretudo uma scisão entre as duas raças. Alguns receavam que o negro perdesse qualidades preciosas sob o ponto de vista economico. Se elle adquirisse conhecimentos, abandonaria as plantações. E ninguem acharia mais criados. Esses brancos, adversarios da nova escola, imaginavam o negro instruido um homem de chapéo alto, monoculo com aro de ouro, bengala de junco, sapatos lustrosos, luvas de pelle, emfim um sujeito decidido a viver do trabalho intellectual. Outra figura de negro instruido não surgia nos espiritos.

Nas minhas primeiras difficuldades e durante os dezenove annos que se seguiram encontrei um apoio constante e conselhos proveitosos em dois homens, os meus melhores amigos em Tuskegee: o sr. Jorge W. Campbell, branco e antigo proprietario, e o sr. Lewis Adams, negro e antigo escravo. Foram elles que escreveram ao general Armstrong pedindo um director para a escola. O sr. Campbell, negociante e banqueiro, tinha-se conservado alheio ás questões de ensino; o sr. Adams, operario, fôra no tempo da escravidão sapateiro, selleiro e funileiro. Sem nunca frequentar escola, conseguira aprender leitura e escripta. Esses dois homens adoptaram o meu plano de educação, associaram-se ás minhas esperanças e ajudaram-me nas minhas