O reverendo entrou pelo meu habitaculo clamando:
—Leva-me preso comtigo
N'um fio dos teus cabellos!
—Glose este motte, meu poeta.
Nós já nos não respeitavamos.
—Ouça isto, foi proseguindo:
Não se sabe apartar quem ama e pena,
E quem nisto é mais fraco, este é mais forte;
A dôr da mesma morte é mais pequena,
Que quem morre melhora muito a sorte;
Quem morre acaba o mal, quê toda a pena
Dura co'a vida sem passar da morte:
Maior pena padece o que está ausente,
Pois morre de saudade e morto sente.
—O que acha?
—Que li algures...
—Onde homem? isto é meu e muito meu. Pensa vossê que só faz versos? Por mais prosa que a gente seja, batendo-lhe devéras o coração, torna-se poeta. Adivinhe o que me succedeu?
—Suspenderam-lhe as ordens...
—Assim fosse; cousa mais seria; partio para a Bahia a Mariquinhas...