outros têm o vicio da embriaguez, outros o do jogo, outros o do deboche, ele tinha o vicio da valentia; mesmo quando ninguém lhe pagava, bastava que lhe desse na cabeça, armava brigas, e só depois que dava pancadas a fartar é que ficava satisfeito; com isso muito lucrava: não havia taverneiro que lhe não fiasse e não o tratasse muito bem.
Estava na porta da taverna sentado sobre um saco quando apareceu-lhe o Leonardo.
— Olá, mestre pataca! disse ele apenas o viu, pensei que ainda estava de xilindró tomando fortuna por causa da cigana...
— É mesmo por causa desse diabo que te venho procurar.
— Homem, cabeçada e murro velho sei eu dar, porém fortuna! nunca tive tal habilidade...
— Não se trata de fortuna, disse-lhe o Leonardo baixinho, trata-se de pancada velha...
— Ui! temos dança?... vai-te embora... tu não és capaz de armar um sarilho... sempre foste um podre!...
— Bem sei, eu não sou capaz... mas tu... tu que és mestre disto...
— Eu... então por que diabo e onde queres tu que eu arme esse sarilho?. . .
— Não te hás de arrepender, disse o Leonardo batendo significativamente com os dedos no bolso do colete.
O Chico-Juca entendeu o verso; carregou o chapéu um pouco mais para o lado, e pôs-se a escutá-lo com curiosidade.
O Leonardo disse então o que queria: tratava-se nada menos do que de ir o Chico-Juca nessa mesma noite, fosse como fosse, à função da cigana, e de