mandasse retirar Luisinha e as mais crianças; e a conversa caminhou livremente.

— Então que me diz, senhora, da desgraça da pobre velha? Criar a gente uma rapariga com todo o carinho, e no fim ter aquela recompensa!... no meu tempo não se viam coisas destas...

— Que quer, senhora? respondeu a comadre; pois foi ali, nas barbas de todos. Não havia um instante que ela havia chegado com a velha, e que se tinham todas duas ajoelhado ao pé de mim...

— Ao pé da comadre? Pois a comadre estava lá?...

— Estava... que antes não estivesse...

— Mas o diabo, senhora, acrescentou D. Maria, é ninguém saber quem foi o maldito que fugiu com ela...

A comadre interrompeu, dando uma risadinha sardônica.

— Tenho perguntado a todos, e ninguém sabe dizer-me.

— É porque todos estavam cegos...

— Como?

— Mas não o estava eu, por mal de meus pecados, que antes estivesse...

— Pois viu e sabe com quem foi... disse D. Maria, remexendo-se de prazer em cima da banquinha.

A idéia de poder saber de uma novidade que todos ignoravam encheu-a de contentamento.

— Mas então quem foi, vamos; quero saber quem foi o ladrão da moça e do dinheiro...

— Só lhe direi, respondeu a comadre depois de alguma hesitação, se me prometerdes guardar todo o segredo, que o caso é muito sério.