as qualidades que agora descobria tanto em relevo.
— Se eu fosse parente da rapariga havia de pôr uma demanda ao tal diabo que o havia de ensinar... Por isso é que ele me não aparecia por cá há tanto tempo... andava cuidando nos seus arranjos.
Mal tinha D. Maria acabado de pronunciar estas últimas palavras quando se ouviu bater à porta, e a voz de José Manuel pedir licença.
— Aí está ele... segredo... não quero que se saiba que fui eu, disse a comadre apressada.
— Ora, respondeu D. Maria, eu cá para isso sou boa.
José Manuel entrou. D. Maria, que não costumava guardar o que sentia, recebeu-o friamente; a comadre porém fez-lhe um rasgado cumprimento.
— Seja bem aparecido, disse, bons olhos o vejam.
— Tenho andado aí ocupado com alguns arranjos...
— Arranjos... disse D. Maria trocando com a comadre um olhar significativo.
José Manuel, inocente em tudo, ficou pasmo, sem entender o que queria aquilo dizer; entretanto, segundo o costume, não perdeu ocasião de armar uma peta.
— Sim, uns arranjos, acrescentou; houve um negócio muito sério em que estive metido, e que me ia dando bem que fazer; sinto não lhe poder contar, porque é segredo.
A comadre fez um gesto, como quem queria dizer-aí vem uma peta; D. Maria, porém, que estava preocupada pela conversa que há pouco tivera, entendeu que José Manuel se referia ao roubo da