de si, parecia agora participar da vida, de tudo que a cercava; gastava horas inteiras a contemplar o céu, como se só agora tivesse reparado que ele era azul e belo, que o sol o iluminava de dia, que se recamava de estrelas à noite.
Tudo isto dava em resultado, pelo que diz respeito ao nosso amigo Leonardo, um aumento considerável de amor; também ele foi o primeiro que deu fé daquelas mudanças em Luisinha. Entretanto, apesar de lhe crescer o amor nem por isso lhe nasciam mais esperanças.
Depois da declaração não se tinha adiantado nem mais uma polegada, e a única coisa talvez que o alentava, era um certo rubor que súbito subia às faces de Luisinha quando acontecia (raras vezes) que se encontrassem os olhos dela com os seus. A soma total destas adições era uma raiva que lhe crescia n’alma, aumentando todos os dias de intensidade contra José Manuel, a quem em seus cálculos atribuía todo o seu atraso.
Dadas estas explicações, voltemos a dar conta do resto da cena que deixamos suspensa.
À força de instâncias a comadre conseguiu que José Manuel referisse qual o negócio de alto segredo em que se tinha achado envolvido.
— Pois bem, disse ele finalmente, se prometem toda a discrição, contarei.
— Ora, nem tem que recomendar isso.
Com as negaças e mistérios que tinha guardado até então, José Manuel não fizera mais do que ganhar tempo para imaginar a mentira que havia de pregar: a comadre contava com isso.
Ele começou:
— Saibam vm.cês