— Pois olhe, prosseguiu D. Maria, tinha eu dado todo o crédito, tanto que havia rompido por um excesso com o pobre do homem, mas não caio noutra; esta me serviu de emenda.
A comadre viu que o vento se lhe ia tornando absolutamente contrário; compreendeu que D. Maria estava muito bem informada, e que inútil seria qualquer sustentação que pretendesse fazer de tudo quanto havia avançado; isso só serviria para agravar-lhe a posição.
Forjou pois repentinamente um novo plano e disse:
— Não me dá nada de novo, senhora; sei muito bem de tudo; o homem está nesse negócio como Pilatos no Credo.
— Mas lembre-se que me havia dito que tinha visto com seus próprios olhos.
— Ah! senhora, era o diabo por ele; nunca vi coisa assim tão parecida. Outro dia porém soube de tudo, e agora estou arrependida.
— Mandei por isso chamar o pobre homem, continuou D. Maria, que de ofendido que estava com o modo por que eu o tratava custou muito a vir, e abri-me aqui com ele. E uma coisa lhe digo, é que a comadre não está bem no negócio; ele expôs-me certas coisas... a que eu enfim não quis dar crédito.
— Pois então a senhora disse-lhe que eu é que...
— Não fui eu quem lhe disse; ele já o sabia, e não era possível negar-lho. Foi então que ele me quis abrir os olhos sobre outros pontos...
A comadre, que via todo o caldo entornado naqueles outros pontos, tratava de desviar a conversação,