peso de mil exigências, se lhe batiam a cada passo com os favores na cara, se o filho mais velho da casa, por exemplo, o tomava por seu divertimento, e à menor e mais justa queixa saltavam-lhe os pais em cima tomando o partido de seu filho, no segundo aturavam quanto desconcerto havia com paciência de mártir, o agregado tornava-se quase rei em casa, punha, dispunha, castigava os escravos, ralhava com os filhos, intervinha enfim nos mais particulares negócios.

Em qual dos dois casos estava ou viria estar em breve o nosso amigo Leonardo? O leitor que o decida pelo que se vai passar.

Principiemos por declarar que as duas velhas irmãs tinham concedido desde o primeiro momento uma decidida simpatia por ele, e era esse o único ponto por onde o podemos julgar um pouco feliz: se a cada passo encontrava contrariedades e antipatias, também lhe não faltavam por contrabalanço simpatias e favores. Isto já era meio caminho andado para qualquer projeto que ele formasse, qualquer intenção que tivesse ou desejo que se lhe despertasse. Mas note-se que para não falhar a lei das compensações, que pesava constantemente sobre ele, logo o projeto, a intenção e desejo que teve sucedeu ser a respeito de uma coisa que já tinha despertado igual projeto, intenção e desejo em duas outras pessoas, o que equivale a dizer-se, como já o fizemos, que tinha ele de lutar com duas dificuldades.

Vidinha era uma rapariga que tinha tanto de bonita como de movediça e leve: um soprozinho, por brando que fosse, a fazia voar, outro de igual natureza a fazia revoar, e voava e revoava na direção de