— Qual!... responde Vidinha... essa agora é que havia de ser bonita... Qual! pois eu não hei de sair?... Tinha que ver... então por pedido do senhor? Ora qual...

E foi saindo.

Começava a anoitecer.

A gente de casa ficou toda na maior aflição; ninguém sabia o que se havia de fazer. O Leonardo tomou a resolução de acompanhar Vidinha a ver se a detinha em caminho.

Vidinha caminhava tão depressa que a principio o Leonardo quase que a perdia de vista; finalmente conseguiu alcançá-la, e começou a pedir-lhe que voltasse, fazendo as maiores promessas de comedir-se dali em diante, e de lhe não dar mais motivos de desgosto. Vidinha porém a nada atendia, e caminhava sempre. O Leonardo recorreu a ameaças; Vidinha redobrou a passos: voltou de novo a rogativas; Vidinha caminhava sempre.

Já estavam no largo do Paço: Vidinha, quase a correr, deixou o Leonardo umas poucas de braças atrás de si, entrou muito adiante dele pelo portão da ucharia adentro, e desapareceu. O Leonardo parou um instante a resolver-se se entraria também ou não. Finalmente decidiu-se a entrar. No momento em que ia transpondo a soleira do portão, voltou repentinamente, e ia disparando uma carreira: uma mão magra, mas vigorosa, o deteve agarrando-o pela gola da jaqueta: era a mão do major Vidigal, com quem ele havia esbarrado ao querer entrar, e de quem pretendia fugir. Vendo que lhe seria inútil qualquer tentativa, porque ali perto havia guarda, o Leonardo resignou-se. O major olhou para ele soltando uma risadinha maligna;