Maria-Regalada levou então o major para um canto da sala, e disse-lhe ao ouvido algumas palavras. O major, desanuviou o rosto, remexeu-se todo, coçou a cabeça, balançou com as pernas, mordeu os beiços.

— Ora esta! disse em voz baixa à sua interlocutora; pois era preciso falar nisto? Enfim...

— Ora, graças que se lhe acabaram os sestros, respondeu Maria-Regalada em voz alta.

— Sim?!... exclamaram as duas sorrindo de esperança.

— Eu bem dizia que o Sr. major tinha bom coração...

— Eu nunca duvidei, apesar de tudo... mas agora, o passado, passado; o caso era grave, como ele dizia, e foi um favor!...

— Então, D. Maria? Quem foi rei sempre teve majestade...

— Majestade... qual! isso já não é para mim...

O major atalhou esta explosão de gratidão que levava visos de ir longe.

— Hão de ficar ainda mais contentes comigo... não lhes digo por quê, mas verão...

— Esta agora é que é grande; veremos o que será...

— Já sei: é...

— Há de ser por força...

— Estou quase adivinhando.

— Sabem que mais? atalhou o major; são horas de uma diligência a que não posso faltar... O rapaz está livre de tudo; contanto que, acrescentou dirigindo-se a Maria-Regalada, o dito, dito...

— Eu nunca faltei à minha palavra, replicou esta.

Retiraram-se as três cheias do maior contentamento, e o major saiu depois também para cumprir a suapromessa.