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os selvagens do Brasil
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Fui visitar esse porto. Quando aos moradores constou que eu era allemão e conhecedor de artilharia, propuzeram-me ficar no forte; davam-me companheiros e um bom soldo, além de ganhar eu a estima de El-Rei, sempre generoso para com os que nas terras novas o ajudavam com seu conselhos e esforço.

Acceitei a proposta e contratei-me por quatro mezes, até que El-Rei mandasse um official e fizesse erguer um forte de pedra, de maior segurança.

Fui para o forte e lá vivi todo o tempo com mais tres companheiros. Tinha algumas peças commigo, mas vivia em perigo sob a ameaça dos selvagens porque o forte não era seguro. Mantinhamo-nos álerta todas as noite, para evitar surprezas, e de facto as evitamos por varias vezes.

Os moradores tinham escripto a sua majetade contando de como era bella a terra e do mal que lhes faziam os indigenas e aguardavam providencias. Depois de alguns mezes chegou o official d'El-Rei , coronel Thomé de Souza.

Contaram-lhe dos meus serviços e minha ousadia em ficar num forte mal defendido, onde nenhum portuguez quizera permanecer. Louvou-me elle o procedimento e prometteu, se o céu lhe permittisse re-