profissões, de todas as idades, de todos os países, vivem representando para a multidão de curiosos que o cercam; Londres é um convento, em forma de clube, em que os que se encontram no silêncio da grande biblioteca ou das salas de jantar não dão fé uns nos outros, e cada um se sente indiferente a todos. Em Paris, a vida é uma limitação; em Londres, uma expansão; em Paris um cativeiro, cativeiro da arte, do espírito, da etiqueta, da sociedade, cativeiro agradável como seja, mas sempre um cativeiro, exigindo uma vigilância constante do ator sobre si mesmo diante do público, que repara em tudo, que nota tudo; em Londres é a independência, a naturalidade , a despreocupação. Ceci tuera cela.

Foi, talvez este lado da vida inglesa o que me seduziu. A impressão artística é, por sua natureza, fatigante, exclusiva, e, além de certo diapasão, inconfortável, como toda vibração demasiado forte. Eu não quisera ser condenado a passar uma hora por dia diante da Jaconde, nem mesmo diante da Vênus de Milo. Para renovar a minha curta faculdade de admirar e de gozar da obra de arte, preciso de longos intervalos de repouso, para dizer a verdade, de obtusão. Londres era essa penumbra que quadra admiravelmente à minha fraca pupila estética; ali tinha à minha disposição, excusez du peu, os mármores de Fídias; não havia época artística ou literária que, querendo viver na meia hora, –